Num jantar com amigos, próximo ao Natal de 2012, Márcio Roberto Lopes da Silva, conversava sobre os mais diversos assuntos. Até que um dos integrantes do bate papo, um senhor da casa dos 70 anos, afirmou que quando criança conheceu um homem que fora um oficial russo da época do Czar. Ele acreditava ter sido um Almirante, talvez o último almirante do Czar Nicolau II, que em 1917 foi deposto e em seguida executado. O senhor afirmou que esse oficial passou anos vagando pelo mundo a procura de sua família. Márcio conta que na hora perguntou se ele sabia se existia um livro retratando essa história, ao passo que a resposta foi negativa. “Então brinquei: Vou escrever um”. E esse foi o começo da produção de O Último Almirante do Czar, publicado pela Editora Albatroz.

Segundo o autor, depois daquela conversa, a história jamais saiu da mente. “Meses depois pedi mais informações de parentes, pesquisei e achei alguns fatos. Mas apesar de muita vontade de escrever, resolvi recuar, pois não saberia qual seria as reações dos familiares. Afinal, eu era um estranho para eles”, afirma.  Ele comenta que se perguntava “será que as pessoas sabiam da existência desse oficial?”, “será que abortaram essa identidade?”, “será que foi cruel ou não na Revolução Russa?”, “será que a família sofreria sanções por causa do livro?”. Assim, para não causar nenhum tipo de problema ou desconforto, Márcio decidiu escrever uma ficção baseada nesse ambiente histórico.

O Último Almirante do Czar

O Último Almirante do Czar tem como pano de fundo São Petersburgo, a capital russa na época do Czar. A obra conta a história de Yuri e sua família, abrangendo desde a infância até a velhice. O protagonista entra para a Marinha da Rússia Imperial e galga postos até chegar a almirante. O livro se passa nas últimas décadas do século XIX vai até meados do século XX, passando pela Guerra Russo-Japonesa de 1905, pela 1ª Guerra Mundial, pelo período entre guerras, fala sobre a instabilidade política europeia nesse tempo e chega na 2ª Guerra Mundial. Mas, principalmente discorre sobre a Revolução Russa Bolchevique de 1917. E apesar de seu início ser em São Petersburgo, o enredo acontece também na Itália, na Iugoslávia, na França, na Argentina e até mesmo no Brasil.

Márcio explica que quando começou a escrever O Último Almirante do Czar já sabia o fim da história, porque o senhor que lhe falou sobre esse assunto contou como tudo acabou. “Eu precisava criar todo um relato ao contrário, do final para o começo. E assim foram anos pensando. Mas não poderia escrever se não soubesse a história da época. Por isso enquanto minha imaginação florescia, li livros sobre a Revolução Russa, sobre o final do Czarismo, além de biografias de dois grandes Czares, que viveram bem antes desta época”, destaca.

De acordo com o autor, por gostar muito de História já pensava em ler esses títulos, mas a partir do momento que decidiu escrever o livro, estudou para que os relatos descritos em sua obra fossem fiéis a História, sem errar datas, pessoas e acontecimentos.

Apesar de ser um livro que fala sobre momentos políticos, Márcio teve cuidado para que ele não pendesse para nenhum lado. “A minha intenção não é politizar, e sim informar o leitor sobre os fatos históricos como de fato ocorreram”, salienta. Mais do que o tempo que levou escrevendo, cerca de 7 meses, o autor preparou minuciosamente sua pesquisa e esse processo levou entre 5 e 8 anos.

O Último Almirante do Czar, de Márcio Roberto Lopes da Silva, foi o vencedor do 5º Prêmio Cultura Mais, na seção literatura. “É uma votação pública, no sentido de divulgar a arte da região de Itu. Você não se inscreve, é indicado por um grupo de pessoas que monitora a arte o ano todo”, conta o autor.

Esse e outros livros publicados pela Editora Albatroz podem ser encontrados aqui.

Por Teca Machado