“É preciso se reinventar”.

 

Provavelmente você escutou isso inúmeras vezes desde que a pandemia de começou. Em várias áreas do comércio, do varejo, da educação e mesmo no meio familiar foi preciso pensar fora da caixa para poder seguir em frente nessa nova realidade – seja ela temporária ou permanente. E muitos escritores decidiram aproveitar que aconteceu um aumento de consumo em todo tipo de arte, como a literatura, e pensaram em estratégias criativas para vender seus livros.

 

Em meio aos nossos autores temos três histórias interessantes que trazemos para vocês:

 

Poesia é alimento

 

Rodrigo Lima recebeu 300 exemplares do seu primeiro livro de poesias, o Urgia, no dia em que foi decretada no Rio de Janeiro a quarentena ano passado por causa da pandemia de COVID. Ele tinha uma estratégia de vendas muito bem estruturada em três pilares, mas encontrou um problema: dois deles eram focados em vendas presenciais e eventos. Apenas a parte on line poderia ser colocada em prática. Paralisado com a situação pensou “e agora?”, então decidiu fazer um lançamento virtual e gravou um vídeo sobre o livro mesmo sem ter muitas pessoas em suas redes sociais. “Para minha surpresa, as professoras que me deram aula assistiram ao vídeo e elas foram o meu grande canal de propaganda e viralizaram o meu conteúdo e foi ótimo, porque isso me deu uma força, uma confiança e ali enxerguei uma possibilidade”, conta.

 

 

Aproveitando essa onda, Rodrigo passou a fazer vendas on line e focar nesse segmento, às vezes fazendo entrega até mesmo de bicicleta se era perto da sua casa – sempre dentro das normas de segurança da pandemia – o que chamou de “delivery de poesia”. Além disso, como é do ramo do teatro, pediu para amigos gravarem vídeos com as poesias e até mesmo a obra foi parar em Portugal, na Feira do Livro do Porto.

 

Mas sua ação mais marcante veio em seguida. “Aqui na Baixada Fluminense teve um momento muito específico para mim, que quando fui colocar o lixo na rua vi uma senhora catando e abrindo os sacos e recolhendo as sobras, os restos de comida, e ali pensei, ‘como pode alguém ler de barriga vazia?’ e essa pergunta ficou dentro de mim”. Então começou a entrar em debates internos e ao abrir o armário viu uma caixa com cem exemplares de Urgia guardados para utilizar no futuro ao colocar em prática as estratégias iniciais presenciais. “Mas a vida é agora. E agora tem gente passando fome, tem famílias que não tem o que comer. Então eu resolvi abrir a campanha: Poesia é alimento. A cada cinco livros vendidos uma cesta básica é gerada”, destaca.

 

Segundo Rodrigo, essa campanha está aberta e ele não vê como uma estratégia de venda, mas sim como ação. “Se eu vendesse meias, camisetas, faria essa ação com esses produtos. Eu vendo livros, vendo o que escrevo então a forma que posso gerar as cestas vem desse produto, vem da escrita”, finaliza.

 

Drive thru Literário

 

Priscila Lannes, professora no município de São Vicente do Sul, no Rio Grande do Sul, lançou em novembro do ano passado a obra infantil Três Irmãos e Um Felino. Por estarmos no meio de uma pandemia e não poder fazer eventos com aglomeração, a escritora organizou um drive thru literário, primeiro na escola onde atuava e depois numa praça da cidade, onde teve o apoio do grupo teatral Quinto Agito.

 

 

Segundo Priscila, o sistema drive-thru foi escolhido para possibilitar as pessoas um acesso ao livro de forma segura e respeitando as normas de distanciamento sem o público perder a oportunidade de adquirir um exemplar autografado. “Em tempos de distanciamento social é muito importante que a família influencie as crianças o gosto e hábito pela leitura. Vale estimular a sociedade a valorizar os livros e a leitura interativa em casa, pois o livro é alimento para o cérebro e impulsionador de sonhos”, acrescenta.

 

Três Irmãos e Um Felino conta a história de um felino que ao chegar em um lar fez com que o coração e a vida de uma menina desanimada e tristonha se enchesse de alegria, e juntos eles viveram muitas aventuras imaginárias. No decorrer dos acontecimentos o felino também conseguiu promover a união e a harmonia entre a menina e seus irmãos, embora mal eles soubessem que no final desta história haveria uma grande surpresa.

 

Doação e literatura nacional

 

A escritora Sofia Führ Molter, de apenas 15 anos, já tem três obras publicadas, todas pela Editora Albatroz e nunca para de fazer divulgação do seu trabalho e de outros autores nacionais.

 

 

Uma das ações mais recentes que fez foi que todos os livros comprados diretamente com ela teriam 40% do seu valor revertido na campanha do garoto João Emanuel, que tem AME (atrofia muscular espinhal), uma doença genética rara, progressiva e muitas vezes letal. A sua família estava arrecadando dinheiro para poder dar ao garoto o remédio que precisava, o Zolgensma, conhecido como o remédio o mais caro do mundo. Felizmente, deu tudo certo!

 

Além disso, Sofia entrou em contato com diversas escolas e prefeituras para oferecer suas obras, estratégia que tem rendido frutos, tanto que e já tem uma data marcada para sessão de autógrafos em uma prefeitura.

 

E não só divulga seus livros: “Também faço muitas lives com autores brasileiros. Tenho um projeto no Instagram chamado Projeto Leia Nacionais, onde compro livros nacionais e publico a resenha. Fiz a Semana das Lives dos autores nacionais a algumas semanas atrás, e foi bem legal”, conta.

 

Sofia é autora dos livros A Garota dos Livros, A Terra dos Magos e Entre a Vida e a Morte.

 

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E você, o que tem feito para vender seus livros? Conta para a gente.

 

E não se esqueça: o melhor vendedor dos seus livros é você mesmo, o maior apaixonado pela história. Crie estratégias de marketing e se precisar de alguma dica, temos várias aqui no blog.

 

Por Teca Machado