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Uma parte muito importante dos livros são os diálogos.
E pode parecer fácil cria-los, afinal, são conversas, certo? Bom, nem tanto. Diálogos impactantes são a base sólida de uma história. Do mesmo modo, quando são fracos fazem com que a trama perca grande parte do seu apelo. Eles ditam o ritmo do enredo e deixam o leitor mais próximo dos personagens.
Mas como criar diálogos “de respeito”?
Vilto Reis, escritor e um dos fundadores do portal Homo Literatus, deu algumas dicas no seu site e trazemos aqui para vocês. Segundo ele, “se você apenas considerar estes 6 conselhos a seguir, já dará um salto de qualidade na escrita dos seus diálogos”.
1- Evite falar demais
Mostrar as coisas em vez de contar é importante, mas evite falar demais.
O diálogo é útil para que os leitores conheçam os principais detalhes do enredo. No entanto, o diálogo também é melhor quando contém narração concisa em oposição a muita exposição.
Soa vazio e óbvio quando os personagens compartilham informações que ambos sabem, claramente para o benefício do leitor. Parece uma conversa coreografada, que nada tem a ver com a vida.
2- Não revele no diálogo o que está no subtexto
Às vezes, os personagens dizem coisas tão óbvias como, “Nosso casamento está caindo aos pedaços”, ou “Sou um empresário implacável e não vou parar até estar no topo”.
No entanto, esses detalhes podem aparecer no subtexto, construindo assim conversas mais sutis.
O diálogo tem o poder de inferir, bem como dizer, então lembre-se de usá-lo.
3- Use conflito e voz para mostrar os personagens e suas diferenças
Chuck Palahniuk, autor de Clube da Luta, costuma dizer em suas oficinas que você deve inserir o quanto antes dois personagens em cena. Pois assim terá conflito. E para isso, esses personagens precisam falar.
O conflito entre personagens em diálogo revela seus pontos de vista, metas ou pressupostos opostos.
Você deve procurar sempre incluir conflito, revelando diferenças sutis e mais abertas entre as vozes dos personagens.
4- Fuja dos acentos fonéticos
Acentos escritos foneticamente podem parecer falsos, na melhor das hipóteses. E culturalmente ofensivos na pior das hipóteses.
Com acentos fonéticos, refiro-me a expressões do tipo:
“Não tem nada pra nóis comê.” Ou “Aqui só serve arroz com flango.”
É mais seguro fugir desse tipo de coisa. Apenas reforçam estereótipos que não interessam à ficção. Ainda assim, isso não é uma regra. Eu mesmo uso muito “tô” em vez de “estou” em meus diálogos.
5- Cuidado com os verbos dicendi
Verbos dicendi excessivos e exóticos tornam o discurso escrito menos crível.
Não sabe o que é verbo dicendi? São aqueles verbos de “dizer” alguma coisa. Muito úteis para sinalizar ao leitor quem está falando. Ex.:
“Não vá por este caminho”, disse ele.
Identificar os falantes em seu diálogo garante que seus personagens não sejam lidos como um turma de escola da primeira série falando ao mesmo tempo.
Por outro lado, você não precisa identificar a cada linha quem está falando.
“Quando ouve um personagem num diálogo, o leitor deve ter a possibilidade de identificá-lo imediatamente, com base apenas na voz, sem a ajuda de qualquer explicação que o narrador pudesse proporcionar.”
– Silvia Adela Kohan
Procure também fugir daqueles verbos dicendi exóticos. Verbos do tipo: elucidar, objetar, rejubilar, tachar ou conjecturar – após uma linha de diálogo. Apenas sinalize quem disse, sem deixar que o verbo dicendi roube a atenção no texto.
6- Cuide do ritmo do diálogo e equilibre-o com a narração
O ritmo no diálogo é importante.
Em uma cena tensa, a fala dos personagens devem ser breves e diretas. Certifique-se de que o comprimento, a estrutura e a complexidade da frase se adequam ao característico do personagem e ao propósito do diálogo em questão.
Se a fala que você precisa escrever é um pouco longa, balanceie com vícios de linguagem. É preciso saber quando equilibrar as coisas. Balanceie o diálogo com a narração e use a descrição, quando necessário, para ancorar as conversas dos seus personagens no espaço e no tempo em que estão.
Fonte: Vilto Reis
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Diálogos são parte importante de uma narrativa, por isso quanto mais acertados forem, melhor para a sua história.
Por Teca Machado
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