Ao escrever uma ficção, é comum nos sentirmos inseguros em relação às afirmações, teorias e verdades que a história que se está escrevendo se propõe a provar. No entanto, é importante que se acredite nessas afirmações, estabelecendo-se claramente o tema central em torno do qual a narrativa irá se desenrolar. Nesse sentido, é interessante que haja uma estrutura para os episódios a serem narrados, com pontos contrários e favoráveis à visão de mundo que o autor pretende defender/criticar em sua obra.
A dramatização dessa tensão em torno do tema central deverá nortear o desenvolvimento dos personagens ao longo da história, com os seus atos e decisões “testando” essas verdades e teorias que estão no cerne do texto em questão. É importante ter clareza sobre qual a mensagem que se pretende transmitir na obra, de modo a contextualizá-la, discuti-la e justificá-la. Cada episódio deve ter uma função na argumentação principal da obra, afirmando ou problematizando as verdades que norteiam a história.
Em um drama, por exemplo, se você narra a história de um filho que descobre que o pai é um criminoso foragido; e que fica indeciso entre ignorar o passado tenebroso de um pai atencioso e dedicado, ou fazer valer a lei, o tema principal poderá ser “lealdade e justiça”. O seu desenvolvimento pode suscitar debates, como os limites entre as relações pessoais e a necessidade de punição para crimes graves cometidos e devidamente comprovados.
Ao se desenvolver a trama, contudo, não se deve ter grande preocupação com a sua extensão: não há regras quanto ao tamanho que o texto deve ter, sendo tal decisão totalmente subordinada ao autor. Naturalmente, as dimensões podem variar de acordo com o tipo de história que se pretende narrar, e em que medida se desejará desenvolver cada personagem, apresentar e finalizar os problemas e conflitos que surgirem entre eles.
Os textos bem sucedidos são aqueles que conseguem prender a nossa atenção, mantendo-se sempre interessantes e envolvendo-nos em um mar de emoções e reflexões profundas. Assim, não se deve partir de pressupostos em relação às teorias e verdades que se quer apresentar/debater, ou relação às próprias dimensões do texto, pois escrever não é uma ciência exata. Tendo isso em mente, é mais fácil sair da inércia e botar no papel (ou na tela) aquela história incrível que está na sua cabeça!
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