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Você pode até não ter lido nenhum livro dele, mas com certeza já ouviu falar de Ernest Hemingway, um dos maiores escritores da literatura mundial. Autor de livros clássicos, como Paris É Uma Festa, O Sol Também Se Levanta, Por Quem os Sinos Dobram e O Velho e o Mar, ele foi o vencedor do Prêmio Nobel da Literatura em 1954.

E, além disso, teve uma vida cheia de emoções (dirigiu uma ambulância na I Guerra Mundial, foi jornalista na II, inventou o Mojito, sobreviveu a duas quedas de avião e foi recrutado como espião pela KGB). Então, quem melhor do que esse célebre escritor para nos ensinar um pouco mais sobre a arte da escrita? No livro Tempo de Viver, publicado no Brasil em 1969, podemos aprender muito com o mestre.

O que é escrever bem?

Para Hemingway, escrever bem é escrever com sinceridade. “Para começar, escreva uma frase verdadeira. Se um homem está escrevendo uma estória, será verdadeiro e sincero em proporção à soma de conhecimentos da vida que ele possui […] Mas se continuar escrevendo sobre aquilo que não conhece, acabará por descobrir que não passa de uma fraude, de uma mistificação”.

O escritor ainda dizia que era preciso observar o que acontece hoje. E quando for escrever sobre o assunto, é preciso reconstruir todas as suas recordações até perceber exatamente qual foi a ação que provocou em você aquela emoção. E essa é a beleza que um livro precisa transmitir: sentimento, seja ele qual for.

“Se eu berrar com você, procure imaginar tanto o que é que eu estou pensando como o que você sentiu quando eu berrei”, disse.

O modo Ernest Hemingway

O certo, para Hemingway, é que quando for escrever um romance crie pessoas vivas, não meros personagens. “Devem ser projetados a partir da experiência assimilada do escritor, de seu conhecimento, de sua cabeça, de seu coração e de todos os seus”. E quando falamos sobre isso voltamos a ponto da sinceridade, sobre ter vivido aquilo de verdade.

E quando ele diz para escutar as pessoas, a dica vale para tudo na vida, não só para escrever. “Quando as pessoas falam você deve escutá-las completamente. Não fique pensando no que vai responder, no que deve dizer a seguir. A maioria das pessoas não ouve”.

E agora?

Todo escritor já passou por aquele momento em que pensa: “e agora? Como eu continuo a história?”. Hemingway dizia que lia os próprios livros para recobrar o ânimo e então lembrar que escrever cada um deles também foi difícil, assim como o atual. E quando a inspiração voltar tenha cuidado com o escrever demais.

O escritor dizia que essa era a sua maior tentação. “Eu mantenho isso sob controle, então eu não preciso cortar palha e reescrever. Indivíduos que pensam que são gênios porque nunca aprenderam a dizer não a uma máquina de escrever são um fenômeno comum”.

E por último, mas não menos importante, Ernest Hemingway dizia que para ser um escritor é preciso produzir todos os dias. “Trabalho das 7h até o meio dia. Então vou pescar ou nadar ou qualquer outra coisa que eu queira. […] Nunca pense sobre a história quando você não está trabalhando. […] E pelo amor de Deus, escreva e não se preocupe com o que os outros vão dizer, ou se será uma obra-prima ou o que”.

Se o mestre falou, quem sou eu para duvidar, certo?

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