Bons tempos em que, lá em 2009, debatíamos a enorme ameaça ao livro impresso que ganhava espaço nas prateleiras de produtos eletrônicos. Ali, o nascimento dos e-readers para o “leitor comum” como o Kindle, da Amazon, era visto como uma ameaça a ser debatida com cautela. Hoje, quase 10 anos depois, muito ainda se perguntam: – estamos caminhando para o fim do livro impresso? A resposta é “não”. O que prova isso é o avanço nas tecnologias de leitura através de tablets e smartphones que cresceu substancialmente no Brasil e que sequer afetou a indústria de livros.
Livro enquanto acervo
É claro que, por alguns pontos, a leitura de e-books e a digitalização de arquivos passaram a ser muito importante. Principalmente quando falamos em arquivismo e pesquisas. Imagine, por exemplo, que você deseja fazer uma pesquisa em um livro que não está digitalizado e que se encontra em uma biblioteca no outro lado do globo. Neste caso, a leitura de acervos e bibliotecas online de grandes instituições é muito bem quista e aceita. Outro ponto para se pensar é que o espaço físico para guardar livros é bem maior do que o espaço que precisamos para guardar e-books. Mas quando falamos em leitura comercial, a perspectiva é outra.
Corpo pede arrego
Se você é um historiador ou muito curioso por um determinado assunto e pesquisa horas por arquivos que podem ser acessados do tablet ou computador, ok. Seu tempo de leitura, quando encontrar o arquivo, não será tão grande quanto o tempo que o leitor “comum” irá utilizar para ler um romance, por exemplo. O motivo é bem óbvio, mesmo com o avanço de tecnologias de leitura, o LCD ainda incomoda quem está disposto a gastar boas horas na frente de uma história. Acreditava-se que o Ipad iria sanar todos os problemas do Kindle e não foi isso o que aconteceu. A maior praticidade do e-reader da Apple também apresentou falhas que levam o leitor a optar pelo impresso. É claro que novas tecnologias estão sendo testadas a todo o momento. Mas enquanto um aparelho que não emite luz (sim, existem testes em andamento), por exemplo, não estiver disponível no mercado; e enquanto o preço não for tão mais acessível, ainda não há tanto motivo para preocupação.
Vendas de livros no Brasil
Um fator importante que confirma essa ideia de que o livro impresso não está entrando em extinção são os números de vendas nas livrarias do país e os investimentos que elas tem feito tanto para trazer mais leitores e consumidores a seus atrativos espaços de venda. Segundo a Associação Brasileira de Livrarias, a tendência de mercado é oferecer um espaço de convivência atrativo aos consumidores com a maior presença de espaços para leitura, eventos, e cybers café. E tem mais. Ainda segundo a ABL, “apenas 27% das livrarias comercializam conteúdo digital (e-books / áudio books / músicas e filmes para baixar). Entre aqueles que não comercializam conteúdo digital, 54% pretendem comercializar”. Isso revela uma tendência de mercado, mas ainda assim não é possível levar em conta essa tendência como causa e também consequência do surgimento dos e-readers.
Qual a diferença entre e-book e e-reader?
O próprio nome já diz. E-reader trata-se de um leitor de livros digitais, os e-books. Portanto, quando falamos da venda de e-readers, falamos de um fator que pode ser indicador de um crescimento no consumo de livros eletrônicos em relação aos livros de papel. Mas deixando de lado as características já citadas sobre o debate do fim do livro impresso, ressaltamos que, para a maioria dos leitores, a emoção de abrir um livro, apreciar a capa, a diagramação, o cheiro, e guardá-lo, são sentimentos que um aparelho eletrônico nunca irá sanar. Aliás, não fosse o livro impresso em sua melhor função (feito para durar), muito de nossa história teria se perdido.
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