
O ano era 1930. Um poeta mineiro de 28 anos queria muito que seu primeiro livro fosse publicado. Mas as editoras não o aceitavam. Decidido a estrear no mercado editorial, entrou em contato com a Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais para realizar a impressão do volume, toda custeada por si mesmo em pequenas prestações descontadas do seu salário de funcionário público. A obra saiu pelo selo Edições Pindorama, que nem ao menos existia. Apesar de ter feito apenas 500 exemplares, a obra foi sucesso de crítica e público. Sua segunda obra foi publicada com a ajuda de uma cooperativa e a terceira também custeada pelo próprio autor, com apenas 150 exemplares distribuídos entre amigos e outros escritores. O primeiro contrato com uma editora só veio aos 40 anos, depois de livros publicados e pagos por ele próprio. O poeta em questão era Carlos Drummond de Andrade.
A autopublicação, publicação independente ou publicação por meio de editoras que realizam esse serviço, como a Editora Albatroz e o seu selo Saramago, é muito comum em todo mundo, principalmente no mercado brasileiro. E apesar de parecer algo recente, nossa história literária mostra que não.
Além de Drummond, outros grandes escritores começaram a carreira investindo em si mesmos. Monteiro Lobato autopublicou o seu primeiro livro, O Saci-Pererê: Resultado de um inquérito, e ainda pagou a edição com espaços publicitários que colocou dentro da obra. O grande Mário de Andrade só conseguiu alcançar o sucesso depois que autopublicou Macunaíma. O maior clássico de Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma, é fruto de autopublicação porque o autor cansou de ser rejeitado por editoras. Iracema, de José de Alencar, um dos maiores clássicos brasileiros, teve a primeira tiragem paga pelo próprio bolso do escritor. A primeira edição de Os Sertões, de Euclides da Cunha, também foi paga por ele. E ela saiu com vários erros ortográficos, que ele corrigiu à mão uma por uma nas mil cópias impressas. Envergonhado, ele viajou, tendo a certeza de que a sua publicação seria um fracasso. E como todos sabemos, não foi bem o que aconteceu. Manuel Bandeira pagou a edição dos seus dois primeiros livros, A Cinza das Horas e Carnaval, assim como Ferreira Gullar, que contou com a ajuda financeira da mãe para dar vida a Um Pouco Acima do Chão.
Recordista mundial de publicações
Ryoki Inoue, escritor brasileiro, é tido como o autor mais produtivo do mundo. Escreveu 1.100 obras e em 1993 foi reconhecido pelo Guinness como o homem que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta. O profissional já lançou livros por grandes grupos editoriais, mas conta que se sentiu desvalorizado e sem grande controle do processo criativo e de publicação. Assim, o homem que tem um recorde mundial voltou-se para a autopublicação.
Em entrevista ao G1, Ryoki Inoue afirmou que é mais fácil ter uma boa relação com uma editora pequena do que com uma grande. Ele alega ainda que os escritores devem assumir o papel de principais divulgadores e vendedores dos seus próprios livros de forma independente. “Um escritor tem de investir em seu próprio trabalho. Esperar que apareça uma editora que invista em sua obra é bastante utópico.”
Muitas vezes o autor, especialmente o iniciante, acredita que só é um escritor de sucesso se for publicado por uma grande editora. Mas será mesmo? Cada vez mais vemos que não é isso o que acontece. Hoje os escritores têm em mãos muito mais recursos tecnológicos e de informações para publicar suas obras de forma independente e ainda assim alcançar excelentes resultados.
Que tal tirar aquela sua obra que está na gaveta e se autopublicar? A Editora Albatroz está aqui para te ajudar em todos os passos.
Por Teca Machado
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