Ao longo do trabalho de escrita de um livro de ficção, há momentos em que, estando bem inspirado, pode-se ter uma alta produtividade, e escrever muitas páginas – em claro contraste com aqueles momentos de quase estagnação, onde virtualmente nada é escrito. Em um primeiro momento, esses surtos de “criatividade” e produtividade podem parecer ótimos, mas há que se ter muito cuidado com essas ondas de inspiração: essas novas páginas escritas rapidamente podem ser, na verdade, uma reprodução inconsciente, e fiel, de obras, séries e outras diversas ficções que você já leu.
É natural que o autor, após um surto de criatividade, possa se sentir triunfante por avançar rapidamente na escrita de sua história, e por ter uma suposta capacidade de se inspirar e produzir uma narrativa original e interessante em um relativo curto espaço de tempo. No entanto, é sempre prudente desconfiar dessa onda de criatividade, pois essas idéias que vêm com facilidade normalmente estão muito próximas de ficções que você gosta e que tem marcaram profundamente. Nesse sentido, é sempre oportuno adotar uma postura crítica em relação a esses surtos de inspiração, e questionar-se se o texto que foi produzido não é uma espécie de “plágio” inconsciente em relação aos seus autores preferidos. Esse exercício lhe mostrará que a originalidade do texto é mais difícil do que parece.
Outro aspecto importante a ser considerado pelo autor é o fato de que o processo criativo é sempre problemático, cheio de idas e vindas, recuos e avanços. Não se pode pretender que haja “atalhos” para finalizar rapidamente o texto que se quer escrever, se pretende que o resultado final tenha originalidade e uma alta qualidade. Ainda que seja tentador buscar a solução mais rápida para pôr fim à angústia da escrita, uma brusca aceleração na criação artística deve ser acompanhada de uma criteriosa análise do texto resultante. Se por um lado a crítica excessiva é ruim; por outro, uma postura excessivamente otimista e despreocupada na escrita é igualmente condenável.
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