Como todos já viram na imprensa, o escritor e ensaísta italiano Umberto Eco morreu em 19 de fevereiro de 2016, deixando como herança para os estudos literários uma gama de obras que vão desde a ficção até ensaios sobre sociologia da cultura, semiótica, comunicação e estudos literários. Considerado um dos maiores escritores de sua geração, o Filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo dedicou boa parte de sua vida a problematizar o papel da comunicação no meio social.
Biografia
Nascido em 5 de janeiro de 1932, em Alexandria, na região de Piemonte, Eco estava fadado ao desejo de seu pai de ser advogado. Mas foi a literatura e a filosofia medieval que despertaram seu interesse. Formou-se em 1954 com uma tese sobre o teólogo Tomás de Aquino. Foi editor de cultura para a emissora estatal italiana RAI e, em 1974, começa a ensinar na Universidade de Bolonha. Seus primeiros trabalhos giram em torno da estética, como é o caso de Opera Aperta (1962). Mas passados os anos, sua maior contribuição para a cultura mundial foi a forma como analisava e traduzia os estudos da linguagem e sociologia a todo tipo de leitor. Por sua dedicação ao mundo da escrita e análise da comunicação – escreveu 30 ensaios e sete romances – Eco recebeu inúmeros prêmios ao redor do mundo. Mas foi o best-seller O Nome da Rosa, de 1980, que iria consagrá-lo em todo o mundo.
Polêmico em suas análises, Eco é referência nos estudos da comunicação em todo o mundo. Seus ensaios dissertam, em tom às vezes cético, sobre a cultura de massas e também aos fenômenos da cultura. Dentre os trabalhos mais conhecidos no campo da linguagem estão A Teoria da Semiótica (1976) e Semiótica e a Filosofia da Linguagem (1984).
O gênio Umberto Eco também ficou conhecido por analisar de forma intrínseca a relação entre o consumo das massas e as novas tecnologias. Em 2009, disse os livros impressos não sofrem ameaça perante aos e-books. “Eu não poderia ler Proust em formato digital. Seria impossível. Se eu tivesse que deixar um legado para o futuro, deixaria um livro, e não em formato digital”, e foi assim mesmo que ele o fez.
O Nome da Rosa
Traduzido para mais de 30 idiomas, o livro conta a história do protagonista frei Guilherme de Baskerville e de investigações em um mosteiro no séc. XIVA. O sucesso da obra se dá ao brilhantismo de agradar a gregos e troianos. Através de uma miscelânea de referências históricas, filosóficas, e até mesmo uma certa sedução erótica, Eco deu ao leitor o que ele queria – e o que não queria também.
Último livro
Recentemente, em 2015, Eco lançou seu último livro, Número Zero, que reflete, de maneira crítica, sobre o poder da imprensa canalha e sensacionalista e o desserviço que prestam à sociedade, que também é vista com certo tom de cinismo e ceticismo pelo autor. Na obra, o que mais chama a atenção é a forma como Eco retrata o empobrecimento moral da sociedade emburrecida que não se manifesta sobre os escândalos de corrupção. No romance, segundo a sua sinopse, “um grupo de redatores reunidos ao acaso, prepara um jornal. Não se trata de um jornal informativo; seu objetivo é chantagear, difamar, prestar serviços duvidosos a seu editor”. Num enredo que gira em torno de grandes acontecimentos da história recente, o escritor traça um manual do mau jornalismo.
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