A professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UNB) Regina Dalcastagné estudou durante 15 anos a literatura brasileira contemporânea para descobrir quem escreve, o que escreve e como escreve.
Dados sobre escritores brasileiros
Você sabia, por exemplo, que 72,7% dos escritores do Brasil são homens e que 62,1% dos personagens principais são do sexo masculino?
A pesquisadora descobriu que o escritor brasileiro tem em média 50 anos, mora no Eixo Rio-São Paulo, é branco e tem ensino superior, sendo que 36,4% são jornalistas, o que mostra que conviver com a escrita diariamente em outra profissão acaba incentivando a literatura. Além disso, os empregos dos personagens são variados, mas um dos mais recorrentes é de próprio escritor, que segundo ela está em 8,5% dos enredos, assim como jornalista, em 5,6% dos casos. Mas muitos deles também são bandidos (7%), artistas (6,3%) e estudantes (5,8%).
Outro dado colhido por ela é que 82,6% das histórias se passam em metrópoles, brasileiras, internacionais ou inventadas. O que é de certa forma coerente com o brasileiro, já que de acordo com o último censo 81,3% da população mora em cidades.
Literatura Nacional e a representatividade
Na literatura nacional ainda há pouca representatividade. Por exemplo, em obras de autores masculinos apenas 32,1% das personagens são mulheres, sendo que em 88,9% dos casos elas tem alguma relação familiar com o protagonista, como cônjuge ou filha. E dessas, 25,1% são donas-de-casa.
Quando falamos sobre raça, as diferenças são ainda maiores. De acordo com Regina, em mais da metade dos romances analisados não existe sequer um personagem não-branco (negro, indígena, oriental…) e apenas 7,9% dos personagens em geral são negros, quase nunca como protagonistas, e em 73,5% dos casos são pobres e em 20,4% são personificados como bandidos.
Como utilizar estes dados?
Tendo esses dados em mão, você, escritor, pode usá-los ao seu favor. Escrever com mais diversidade, sobre personagens fora do comum, em gêneros não tão explorados. Descobrir um nicho de leitores sedentos, por exemplo, com histórias na área rural, enredos em que a representatividade realmente esteja presente, algo que ainda não acontece com frequência.
Conhecer a literatura nacional faz com que você saiba o que já está acontecendo – e seguir pela mesma corrente – ou faz com que você queira inovar e explorar novos horizontes. Todas as opções são válidas.
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Sou poeta escritor, cordelista e pesquisador. Nos dois mil e duzentos e noventa e um poemas escrito por mim, sendo entre os quais, setenta e dois cordéis, tenho procurado diversificar meus trabalhos, entre assuntos da natureza, biografia, amor, sertão, etc.
Gosto muito de escrever, faço palestras de poesias nas escolas públicas do município de Acopiara, Ceará, com o Projeto Poesias na Escola.
Sinto que o povo da minha cidade não gosta de ler e nem de escrever, pois conheço poetas cantadores com mais de cinquenta anos de profissão e não escreveu um só poema.
O meu lema é: Povo que não ler nem escreve, é um povo sem cultura, nós que fazemos a história do nosso município, somos nós que temos a obrigação de escrevê-la.
O problema dessa estatística é a fonte da pesquisa. Parece falar em literatura comtemporânea, mas nossa literatura contemporânea é de qual época? Se a autora passou 15 anos estudando, provavelmente não é recente. No Brasil sempre prevaleceu o patriarcalismo até recentemente. Então os homens tinham mais liberdade em produzir seus escritos enquanto as mulheres cumpriam seu papel feminino ditado pela sociedade, daí o maior protagonismo masculino. Talvez isso seja bem diferente nos escritos recentes. Quanto a morar no eixo Rio-São Paulo é meio que óbvio, pois a maior massa populacional encontra-se nesse eixo, assim como as melhores oportunidades de atividades relacionadas à escrita e literatura. Agora, quanto ao fato de 82% tratar de temas cosmopolitas, essa é uma tendência mundial, pois é mais fácil produzir escritos de sucesso comercial usando temas cosmopolitas, que se identificam com a maior massa populacional que vive nas cidades. Acho que a pesquisa poderia ser interessante, desde que contextualizada adequadamente.
“- O gafanhoto é verde porque vive na grama ou vive na grama porque é verde?”
A questão é se os romances no Brasil cedem essa estatística porque os autores escrevem desta forma ou porque o o público leitor consome este tipo de romance e por isso que esses autores entraram para a pesquisa.
Se a segunda alternativa for a correta, então um escritor iniciante tem que seguir esse tipo de estrutura de romance que já é procurado pelo público brasileiro para TAMBÉM fazer sucesso aqui no Brasil…
Mas, de qualquer forma, parabéns e muito obrigado pela estatística.